04 April 2007

origem da tragédia vs melinda, melinda

"assim como das duas metades da nossa vida - a vigília e o sonho -, a primeira nos parece incomparavelmente mais perfeita, mais importante, mais estimável, mais digna de ser vivida, senão a única vivida, também eu desejaria sustentar, correndo o risco de parecer paradoxal, um juizo diametralmente oposto, quanto ao valor do sonho, reportado a este fundo misterioso do nosso ser quando somos apenas a aparência (...) se, por instantes, fizermos abstracção da nossa própria realidade, se concebermos a nossa própria existência empírica e a existência do mundo em geral, como uma representação engendrada, a todo o momento, pelo uno originário, o sonho acabará por se revelar aos nossos olhos, como a aparência da aparência, e portanto, como uma situação ainda mais completa do desejo primordial de aparência (...) a aparência é aqui o reflexo do conflito eterno; ora desta aparência expande-se, tal como um perfume de ambrósia, um novo mundo de aparência, semelhante a uma visão que não chegam a aperceber-se os que ficam cativos da primeira aparência, um voo luminoso; temos pois perante nós, no simbolismo supremo da arte, o mundo apolíneo da beleza e o seu fundo dionisíaco, a visão terrível de Sileno e, intuitivamente, compreendemos a necessidade recíproca de cada um pelo outro".
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sempre achei que o filme "melinda, melinda", do meu querido woody allen, procurou relacionar e buscar a essência/ideia base do livro "a origem da tragédia" de kant.

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